quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Obesidade: Especialista defende fim da publicidade a alimentos hipercaloricos diridida às crianças

19 de Fevereiro de 2009, 10:25
Lisboa, 19 Fev (Lusa) - A endocrinologia Isabel do Carmo defendeu hoje o fim da publicidade a alimentos hipercalóricos em programas infanto-juvenis como medida de combate à obesidade, um problema que em Portugal tem particular incidência nas crianças.
Este seria um dos grandes investimentos a fazer em matéria de campanha contra a obesidade, tendo em conta que mais de 90 por cento dos alimentos publicitados para as crianças são hipercalóricos.
Alem desta medida, Isabel do Carmo, directora do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Santa Maria, docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e coordenadora do livro "Obesidade em Portugal e no Mundo" que será hoje lançado em Lisboa, defende uma aposta política que passa, por exemplo, pela inclusão de nutricionistas no Sistema Nacional de Saúde.
"Há muito poucas medidas. A única é a regulamentação que passou a recomendação para os bares das escolas. As cantinas são razoáveis, melhoraram um bocadinho, mas quanto aos bares, uns seguem a recomendação e outros não", disse.
Uma campanha forte e sustentada, adiantou, teria de ser semelhante à que foi feita com o tabaco, pelo que não chegam "as poucas medidas" tomadas até ao momento.
Fazer regredir as taxas elevadas de obesidade é possível, como mostra o caso da Suécia, onde campanhas contra o problema já levaram a uma melhoria dos números, adiantou.
A obesidade tornou-se um dos grandes problemas de saúde pública no final do século XX e um dos maiores do século XXI, com dimensões que ultrapassam e muito as questões plásticas que levam, sobretudo as mulheres, à consulta da especialidade ou ao consumo de medidas avulsas de tratamento.
Portugal aparece neste livro como um país médio em matéria de incidência da obesidade juntamente com Espanha e Grécia, mas não é por isso que a situação deixa de ser preocupante, em especial nas crianças de vários escalões etários.
"É preocupante porque enquanto nos adultos nos situamos na média da Europa, nas crianças estamos entre os piores. Dos três aos 18 anos temos os piores numeres o que quer dizer que as actuais crianças e jovens vão ser muito mais obesos do que os adultos actuais e isso é assustador", disse Isabel do Carmo.
O livro hoje apresentado em Lisboa trata a Obesidade numa perspectiva de saúde, analítica e evolucionista, dando a conhecer o panorama da situação portuguesa e de todas as regiões do mundo (Europa, Médio Oriente, América Latina, América do Norte, Ásia e África) onde foram feitos estudos.
GC.
Lusa/Fim

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