quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

República: Programa das comemorações com 10 milhões de euros para aproximar cidadãos da política

18 de Fevereiro de 2009, 14:50
Lisboa, 18 Fev (Lusa) -- O programa das comemorações do centenário da República conta com um orçamento de 10 milhões de euros que serão distribuídos em iniciativas que pretendem uma aproximação dos cidadãos, e sobretudo dos jovens, à política.
"Há uma necessidade em todo o mundo de pensar formas de aproximar os cidadãos da política", defendeu o presidente da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (CNCCR), que hoje apresentou os eixos principais do programa, que ainda não está fechado.
Com um orçamento de 10 milhões de euros, a CNCCR pretende associar às comemorações as escolas, universidades, municípios e regiões autónomas, instituições culturais, desportivas e de juventude, contando com o apoio de mecenato.
"Tudo o que tem a ver com os aspectos formativos e lúdicos para os mais novos, é aí que vai ter mais investimento", afirmou Artur Santos Silva em conferência de imprensa, no Palácio Foz, em Lisboa.
O programa oficial inicia-se em 31 de Janeiro de 2010, no Porto, e encerra a 05 de Outubro do mesmo ano e articula-se com as iniciativas promovidas pela Assembleia da República e pela Presidência da República.
No eixo "República nas Escolas", a CNCCR vai investir em programas formativos que incluem o estudo da simbologia associada à República Portuguesa, uma cronologia dos acontecimentos desde a fundação do partido Republicano Português até 1926 e um dicionário "República de A a Z".
A Comissão convidou várias personalidades para a realização de programas temáticos sob o tema "A República e a Cidadania". Eduardo Lourenço ficará com o tema "A Questão da Identidade", os constitucionalistas Vital Moreira e Gomes Canotilho com "o Pensamento Republicano para o Século XXI", Fernando Catroga com o tema "República e Laicidade" e José Manuel Félix Ribeiro com "O Futuro da República".
O programa inclui uma "Exposição do Centenário" em Lisboa e Porto, que será organizada por Simonetta Luz Afonso. Em Lisboa, Artur Santos Silva disse que está a ser estudada a hipótese de realizar a exposição no antigo edifício no Campo de Santa Clara onde funcionavam as oficinas gerais de fardamento.
"As artes e os Cidadãos", na Fundação de Serralves, no Porto, "As vanguardas artísticas de 1900" na Fundação Calouste Gulbenkian, a "Medicina e Cultura" à qual está associada a Ordem dos Médicos, e "Um contributo na área da Energia". Completam o programa de exposições do Centenário.
De acordo com Artur Santos Silva, as Regiões Autónomas associam-se às comemorações com a elaboração de programas próprios. Nos Açores, destacou, há "uma particular incidência histórica", lembrando que os dois primeiros presidentes da República foram açorianos: Teófilo Braga e Manuel de Arriaga.
A elaboração de "roteiros republicanos" nos municípios está também prevista, através das marcas urbanísticas da I República. Em Lisboa, disse Artur Santos Silva, assume particular importância a requalificação da zona ribeirinha da cidade.
O responsável adiantou que não recebeu garantias que as obras de requalificação estejam prontas a tempo das comemorações oficiais, entre 3 e 5 de Outubro de 2010, mas frisou que os decretos que aprovaram a requalificação apontam esse objectivo.
A Ciência ocupará um lugar de destaque nas comemorações, segundo Artur Santos Silva, com a realização de um programa "de identificação e preservação de património de ciência e tecnologia" e ciclos de conferências e debates, entre outros.
Na área do Desporto, prevê-se a organização de um "derby" Portugal-Espanha com equipamento da época, uma Volta a Portugal em BTT, uma corrida de automóveis clássicos e uma regata.
Para além da aproximação dos cidadãos à política e da "renovação da relação entre os cidadãos e a República", a CNCCR espera atingir os objectivos fixados: "projectar no futuro os ideais republicanos" através da "identificação dos desafios que se colocam à sociedade portuguesa", mobilizar os mais novos para a participação cívica e reforçar a identidade nacional.
A identificação de "materiais e questões que possam vir a constituir um Museu da República" está também previsto no programa.
A comissão vai manter-se em funções até 31 de Agosto de 2011, ano em que se celebra o centenário da primeira Constituição republicana, bem como a Lei de Separação do Estado e das Igrejas e ainda a criação das Universidades de Lisboa e Porto.
Questionado sobre se as comemorações da República poderão "reabrir feridas na sociedade portuguesa", nomeadamente com a Igreja Católica, Artur Santos Silva frisou que "esse aspecto já estava na preocupação" do Governo e dos membros da comissão, afirmando-se convicto de que tal não acontecerá.
"Não queremos fazer nada para que os portugueses se dividam mas para que os portugueses se unam. A garantia é que o espírito é esse", disse, frisando ser "positivo" que o bispo do Porto, Manuel Clemente, integre a comissão consultiva.
SF.
Lusa/fim

1 comentário:

Arq. Luís Marques da silva disse...

Pois é, gastam-se 10 milhões para aproximar os cidadãos da politíca e 31.7 milhões a fazer uma única obra de regime, disparatada e faraónica, como é o caso do museu dos coches.
Enquanto isso, as famílias portuguesas sofrem esta hecatombe financeira.
Está visto que sabem o que fazem!