http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/9310396.html
12 de Fevereiro de 2009, 07:55
Lisboa, 12 Fev (Lusa) - A economia portuguesa deverá ter recuado 1,1 por cento no quarto trimestre, terminando 2008 em recessão técnica, com o financiamento e o esgotamento dos motores de crescimento interno como principais problemas na economia nacional, segundo analistas ouvidos pela Lusa.
Depois de no terceiro trimestre de 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) português ter caído 0,1 por cento, face aos três meses anteriores, nos últimos três meses de 2008 deverá ter recuado 1,1 por cento. Com dois trimestres consecutivos de descida do PIB, a economia está em recessão técnica.
Em termos homólogos, a queda deverá ter também sido de 1,1 por cento, após um aumento de 0,6 por cento no terceiro trimestre, segundo a média das previsões dos analistas (ver tabela).
Com estes valores, em termos anuais, a economia portuguesa deverá ter registado em 2008 um crescimento de 0,3 por cento, valor que compara com 1,9 por cento no ano anterior, igualando a última previsão do Governo (que consta do orçamento suplementar para 2009), mas abaixo dos 2,2 por cento que tinham sido avançados com o Orçamento do Estado para 2008.
A queda das exportações, que mais do que duplicou a do trimestre anterior, e a descida "significativa" do investimento foram os principais responsáveis pela queda do PIB, afirmou a economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho.
Segundo Rui Serra, analista do Montepio Geral, é também de prever uma "penalização do comércio externo", numa altura em que o consumo esteve "muito fraco" (com excepção para os automóveis) e em que o investimento não deve ter sido "particularmente favorável".
Para Gonçalo Pascoal, economista-chefe do BCP, a principal dificuldade actual da economia portuguesa "é o dinheiro". "O problema que temos é financiar o nosso gosto pelo consumo e investimento, sem termos recursos para o fazermos", continuou.
Este problema "estrutural" é agravado pelo contexto actual de maior aversão ao risco e de maior selectividade na aplicação do dinheiro, notou Gonçalo Pascoal.
A falta de competitividade é o principal problema estrutural português, para Rui Serra, mas Portugal encontra-se agora particularmente penalizado pelo problema do endividamento, já que o país "está muito dependente do crédito externo".
Como o crédito está mais caro e mais restrito, Portugal está a ser prejudicado com isso.
Rui Constantino, economista-chefe do Santander, considera que não é a dificuldade no acesso ao crédito que está a limitar o investimento, mas antes as expectativas sobre o mau andamento da procura.
"Endogenamente, Portugal não tem grandes factores de crescimento económico", notou o mesmo responsável, referindo que o consumo se tem mostrado "incapaz de funcionar como almofada para acomodar o choque externo.
Cristina Casalinho concordou, dizendo que "os motores de crescimento endógenos [consumo e investimento] estão esgotados" e, que por isso, o crescimento terá que vir de um "indutor externo", algo que neste momento "desapareceu", porque os principais parceiros comerciais de Portugal também estão com dificuldades económicas.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga sexta-feira a estimativa rápida de crescimento da economia portuguesa no quarto trimestre de 2008.
...
IRE
Lusa/Fim
12 de Fevereiro de 2009, 07:55
Lisboa, 12 Fev (Lusa) - A economia portuguesa deverá ter recuado 1,1 por cento no quarto trimestre, terminando 2008 em recessão técnica, com o financiamento e o esgotamento dos motores de crescimento interno como principais problemas na economia nacional, segundo analistas ouvidos pela Lusa.
Depois de no terceiro trimestre de 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) português ter caído 0,1 por cento, face aos três meses anteriores, nos últimos três meses de 2008 deverá ter recuado 1,1 por cento. Com dois trimestres consecutivos de descida do PIB, a economia está em recessão técnica.
Em termos homólogos, a queda deverá ter também sido de 1,1 por cento, após um aumento de 0,6 por cento no terceiro trimestre, segundo a média das previsões dos analistas (ver tabela).
Com estes valores, em termos anuais, a economia portuguesa deverá ter registado em 2008 um crescimento de 0,3 por cento, valor que compara com 1,9 por cento no ano anterior, igualando a última previsão do Governo (que consta do orçamento suplementar para 2009), mas abaixo dos 2,2 por cento que tinham sido avançados com o Orçamento do Estado para 2008.
A queda das exportações, que mais do que duplicou a do trimestre anterior, e a descida "significativa" do investimento foram os principais responsáveis pela queda do PIB, afirmou a economista-chefe do BPI, Cristina Casalinho.
Segundo Rui Serra, analista do Montepio Geral, é também de prever uma "penalização do comércio externo", numa altura em que o consumo esteve "muito fraco" (com excepção para os automóveis) e em que o investimento não deve ter sido "particularmente favorável".
Para Gonçalo Pascoal, economista-chefe do BCP, a principal dificuldade actual da economia portuguesa "é o dinheiro". "O problema que temos é financiar o nosso gosto pelo consumo e investimento, sem termos recursos para o fazermos", continuou.
Este problema "estrutural" é agravado pelo contexto actual de maior aversão ao risco e de maior selectividade na aplicação do dinheiro, notou Gonçalo Pascoal.
A falta de competitividade é o principal problema estrutural português, para Rui Serra, mas Portugal encontra-se agora particularmente penalizado pelo problema do endividamento, já que o país "está muito dependente do crédito externo".
Como o crédito está mais caro e mais restrito, Portugal está a ser prejudicado com isso.
Rui Constantino, economista-chefe do Santander, considera que não é a dificuldade no acesso ao crédito que está a limitar o investimento, mas antes as expectativas sobre o mau andamento da procura.
"Endogenamente, Portugal não tem grandes factores de crescimento económico", notou o mesmo responsável, referindo que o consumo se tem mostrado "incapaz de funcionar como almofada para acomodar o choque externo.
Cristina Casalinho concordou, dizendo que "os motores de crescimento endógenos [consumo e investimento] estão esgotados" e, que por isso, o crescimento terá que vir de um "indutor externo", algo que neste momento "desapareceu", porque os principais parceiros comerciais de Portugal também estão com dificuldades económicas.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga sexta-feira a estimativa rápida de crescimento da economia portuguesa no quarto trimestre de 2008.
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IRE
Lusa/Fim
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