quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Da Michu "Pessoas"

Transcrição do texto da "Michu", sobre as Pessoas, com o link
"http://sol.sapo.pt/blogs/michu63/default.aspx"

"Pessoas
21 January 09 02:42 PM
Nos últimos tempos, tenho-me apercebido, talvez porque esteja mais atenta, não sei, na dificuldade que as pessoas têm para se relacionarem umas com as outras, seja na família, na sociedade. Mas, o que mais me incomoda são os relacionamentos entre homens e mulheres. Tenho constatado dentro do meu círculo de amizades, que a conversa a partir de certa altura passa a ser sempre a mesma: já estou farto, já estou farta, não me revejo no casamento, ela já não se arranja, ele não me liga, que chatice perdeu o emprego, não faz nada, enfim.... A nível de casamento não tenho experiência efectiva visto que nunca casei, nem nunca partilhei um tecto com alguém. Não sei, nem nunca irei querer saber... Costumo fazer “joking” ao dizer que tive o privilégio de nunca ter estragado o Bilhete de Identidade. Quem ouve, fica a rir da maneira desprendida mas convicta como o afirmo… Apesar de tudo tenho referências para esta matéria, que se traduzem nos casamentos fantásticos dos meus avós paternos e o dos meus próprios pais. Foram e continuam a ser felizes, mesmo com os reveses da vida. O meu Avô oriundo de Braga, senhor bem conceituado na sociedade de então, mas que a certa altura sofreu um terrível revés ao perder tudo o que tinha. Perdeu tudo menos a honra e a dignidade. A Avó que nunca tinha trabalhado na vida, e que até aí só sabia dar ordens às criadas e acompanhar o Avô para todo o lado, viu-se de repente, da noite para o dia, com um problema gravíssimo entre mãos. Evidentemente, que tiveram que se fazer ao caminho, isto se queriam chegar a algum lado e então, aproveitando o privilégio do bom relacionamento que mantiveram desde sempre com o Estado Novo (perdoem-me os ditos democratas) recomeçaram a vida de novo, aos cinquenta e tal anos. Isto para dizer que apesar da situação, eles em vez de estarem a atirar com as culpas um para o outro, uniram-se contra a adversidade e lutaram os dois lado lado e assim conseguiram ultrapassar um obstáculo que na altura se apresentava bastante difícil. A Avó era uma mulher fantástica, forte que nem o tronco de uma árvore, que nunca se deixou derrubar por nada, nem por ninguém. Manteve sempre as suas convicções até à hora da morte e teve uma frase que nunca irei esquecer, na hora em que se despedia do avô que partia finalmente para o eterno descanso: “obrigado Carlos por todos os bons momentos que me deste ao longo da vida e que nunca irei esquecer”. Neste momento tão grave que estamos a atravessar, temos que nos unir cada vez mais, o que significa que a união deverá começar no seio da família e nunca devemos pensar em desistir rapidamente das pessoas, lá porque uma delas cai em situação de desemprego, doença, ou qualquer outra fatalidade…porque também é isto que está a acontecer."

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