quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Património: Painéis de Almada Negreiros em casa particular de Lisboa em "risco de destruição"

19 de Fevereiro de 2009, 19:12
Lisboa, 19 Fev (Lusa) - Painéis de azulejos da autoria de Almada Negreiros instalados numa casa particular de Lisboa correram risco de destruição, tendo mesmo um deles sido danificado, segundo fontes da Câmara Municipal e de uma responsável do Museu da Assembleia da República (A.R.).
Operários foram vistos hoje no local - Rua Alconena, 28 - em acções aparentemente destinadas a remover os painéis de Almada Negreiros.
Helena Caria, secretária do vereador de urbanismo da Câmara, Arquitecto Manuel Salgado, referiu à Lusa que a Polícia Municipal, acompanhada de um arquitecto, esteve no local e "os trabalhos foram suspensos".
Segundo a mesma responsável, havia efectivamente risco de destruição dos painéis, tendo sido esse o entendimento da Polícia Municipal, que "impediu a retirada dos mesmos do local".
Relativamente ao painel danificado, Cátia Mourão, responsável pelo pelouro da Pintura e Escultura do Museu da A.R., precisou que aquele estava intacto ainda há dias e hoje "tem um buraco de um metro de altura".
A Lusa tomou hoje conhecimento por uma das netas do artista e escritor, Rita Almada, de que a casa, um projecto do arquitecto António Varela e construída no final dos anos 1940, "com inúmeros painéis de azulejos da autoria de Almada Negreiros", estaria para ser demolida pelo novo proprietário.
"Não temos informação sobre os processos de licenciamento aprovados, mas foi-nos dito informalmente que havia uma intenção de demolição destes da parte do novo comprador", assinalou a neta de Almada Negreiros.
Contactada pela Lusa sobre este caso, Ana Gracindo, do departamento de licenciamento de obras da autarquia, confirmou a entrada, em 29 de Janeiro último, de um pedido, apresentado pela empresa SOINDOL, para a construção de uma nova obra naquele local, o que implicaria a "demolição total" da casa.
O pedido está ainda em deliberação, indicou a mesma responsável, adiantando que a câmara tinha conhecimento de que já estariam em curso movimentações para demolir a casa, "o que é ilegal", pelo que a autarquia tomaria as devidas providências.
Segundo Rita Almada, a casa "já não pertencia ao primeiro dono, José Manuel Ferrão, e entretanto foi outra vez vendida".
"Não há - frisou - suspeita de nenhum procedimento ilegal da parte do comprador, mas estamos conscientes de que os conflitos de interesses entre privados e patrimoniais podem criar situações complicadas e do inúmero património que desta forma desapareceu".
PZF/RMM.
Lusa/fim

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