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06 de Março de 2009, 10:29
Lisboa, 06 Mar (Lusa) - Os idosos de Lisboa são sobretudo mulheres, vivem em casas da autarquia, numa situação de isolamento e com baixos níveis de escolaridade e rendimento, de acordo com o Plano Gerontológico Municipal, a que a Lusa teve acesso.
Quase metade dos idosos (48 por cento) tem rendimentos médios mensais iguais ou inferiores a 420 euros, um número que atinge os 61 por cento no caso das mulheres.
O primeiro ciclo do ensino básico é o grau de instrução que a maioria dos inquiridos atingiu (47 por cento), 65 por cento possuem o ensino básico completo (primeiro, segundo e terceiro ciclos), 17 por cento não tem qualquer instrução e oito por cento possui formação universitária.
O número de idosos sem qualquer grau de escolaridade é superior nas mulheres, 22 por cento contra 10 por cento dos homens.
O Plano Gerontológico Municipal, desenvolvido pelo pelouro da Acção Social, tutelado pela vereadora Ana Sara Brito (PS), faz um diagnóstico inédito sobre a população idosa da capital e propõe medidas a concretizar entre 2009 e 2013.
Para abranger uma visão "prospectiva" e de planeamento, os inquéritos realizados não se cingiram a pessoas com mais de 65 anos, recuando até aos 50 anos o limite etário mínimo dos inquiridos, explicou à Lusa a responsável pelo plano, Lurdes Quaresma.
Entre a população inquirida, 60 por cento são mulheres e 40 por cento homens, sendo o escalão etário mais representado o que compreende as idades entre 65 e 79 anos.
As mulheres estão em esmagadora maioria (69 por cento) entre os idosos com idades iguais ou superiores a 80 anos, o que é explicado pela sua maior esperança de vida.
A maioria dos idosos vive em casas municipais (44 por cento), seguindo-se a habitação em casa arrendada (23 por cento), casa própria (21 por cento) e lares ou residências (11 por cento).
O acesso às habitações apresenta degraus em 73 por cento dos casos, sendo também expressiva a existência de barreiras arquitectónicas dentro das casas (57 por cento).
"Esta característica arquitectónica é determinante para a falta de independência funcional/social e empurra os indivíduos para o isolamento forçado", lê-se no plano, que concluiu que 63 por cento dos idosos afirma ter dificuldade em andar, 15 por cento devido a deficiência motora.
A autarquia encontrou uma mulher de 85 anos, residente num segundo andar acessível por 40 degraus, que não sai de casa há nove anos.
A maioria dos idosos (48 por cento) vive na mesma casa há 30 anos e é também maioritário o número daqueles que afirmam que gostariam de permanecer em sua casa sem quaisquer alterações (46 por cento) ou desde que fossem efectuadas reparações (26 por cento), sendo que apenas nove por cento preferia mudar-se para um lar ou residência.
Ao nível do conforto, 23 por cento dos alojamentos não tem qualquer sistema de aquecimento e 89 por cento dos sistemas existentes são móveis, e em 6 por cento dos lares e residências não há qualquer aquecimento, um dado "bastante significativo" por se tratarem de equipamentos sociais.
Entre os idosos a viver "isolados" ou em famílias "nucleares sem filhos", há uma predominância das mulheres, que representam 61 por cento, um número que ascende a 72 por cento nas inquiridas que vivem "isoladas".
O plano concluiu que há uma "realidade de total isolamento diário para 59 por cento da população que reside sozinha, evidenciando um risco de solidão".
Entre a população que não reside em lares, 25 por cento recebe algum apoio institucional, nomeadamente refeições, cuidados e higiene pessoal.
A saúde é a grande preocupação manifestada pela maioria dos inquiridos (62 por cento), que ocupam os tempos livres a ver televisão (34 por cento), conviver com amigos (29 por cento) e com a família (29 por cento).
O envelhecimento é entendido como um factor de preocupação para a maioria dos idosos (42 por cento), manifestando uma atitude mais optimista 23 por cento dos inquiridos.
As mulheres manifestam maior preocupação (49 por cento) e receio (17 por cento) quanto ao seu próprio envelhecimento que os homens, que têm uma atitude mais optimista (40 por cento).
A percepção negativa do envelhecimento está patente na ausência de quaisquer projectos para os próximos anos manifestada pela maioria dos idosos (57 por cento).
Entre os que têm projectos que afirmam irão concretizar, viajar e passear, conviver com a família e os amigos, investir na educação dos filhos e netos são os mais comuns.
A falta de dinheiro é o impedimento avançado pela maioria dos idosos (50 por cento) para não realizar os seus projectos, seguida dos motivos de saúde (33 por cento).
ACL.
Lusa/Fim.
Foram entrevistadas 293 pessoas com 50 e mais anos, residentes em Lisboa, em locais públicos com actividades vocacionadas para os tempos livres, lares e residências da Segurança Social e da Santa Casa da Misericórdia e indivíduos residentes no património disperso da autarquia.
domingo, 8 de março de 2009
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