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Carlos Minc - 21 de Março de 2009
Rio de Janeiro, 20 Mar (Lusa) - A discussão internacional sobre mudanças climáticas "está uma confusão", segundo afirmou hoje o ministro brasileiro do Meio Ambiente, advogando que o seu país pode ser uma "ponte" para ultrapassar as divergências mundiais.
Para Carlos Minc, o mundo está a viver um "apartheid climático" onde há uma grande diferença de posições entre os países desenvolvidos no que toca a mudanças climáticas.
"Há um apartheid climático, em que o Brasil pode e deve fazer um papel de ponte", defendeu Carlos Minc, para quem o seu país pode desempenhar um papel protagonista entre os estados ricos e em desenvolvimento, "dando um salto" e superando essa separação.
"A China, em Julho, será a maior emissora [de CO2] do planeta e está a resistir a assumir metas", exemplificou.
Segundo Minc, há uma grande diferença de posições entre os países ricos "que querem que os países em desenvolvimento assumam metas mas, por outro lado, eles próprios ainda não estão a cumprir as metas que estabeleceram para Quioto até 2012".
Minc esteve reunido no Rio de Janeiro com especialistas da área ambiental para debater a implantação do Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas, lançado em Dezembro de 2008.
Entre as metas mais ambiciosas está prevista a redução dos índices de desflorestação em 70 por cento até 2018, o que equivale a deixar de emitir para a atmosfera 4,8 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono.
Este esforço brasileiro de evitar a emissão de carbono representa mais do que foi previsto na primeira fase do Protocolo de Quito para as nações desenvolvidas.
O Plano foi elogiado ao ser apresentado à comunidade internacional na Conferência de Poznan, na Polónia, em Dezembro, sobre alterações climáticas.
"Houve uma mudança da comunidade internacional em relação ao Brasil que passou a ser protagonista com uma posição de defesa das florestas e de redução das emissões", realçou Minc ao referir que, em Março de 2010, será feita a primeira actualização do Plano.
O Brasil, acrescentou, "era o patinho feio que apanhava nos foros internacionais mas, em Dezembro, pela primeira vez, a posição brasileira foi saudada".
Um grande desafio, segundo o ministro, é o sector energético, embora o Brasil tenha uma matriz considerada limpa e renovável. "Nos últimos anos ela está a ficar mais suja por causa das centrais térmicas a óleo e a carvão", comentou.
Para compensar este problema, a partir de Abril, todas as centrais serão obrigadas a compensar as suas emissões da carbono.
Além disso, o Brasil está um "desastre ecológico em matéria de energia eólica", considerou.
A energia eólica, juntamente com a solar e a biomassa, as consideradas "fontes verdes de energia", não totaliza três por cento do sistema energético brasileiro que é movido a base da hidro-eletricidade.
Carlos Minc adiantou que será lançado em Abril o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, o que ele chamou de "IPCC Brasil", pois teria os mesmos moldes do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas.
O painel reunirá 300 cientistas da área de meio ambiente e deverá "ligar-se permanentemente" com o painel internacional.
Para angariar recursos para aplicar em programas de combate às mudanças climáticas e de redução da emissão de carbono, o governo brasileiro já apresentou um projecto para criar o Fundo Clima.
O projecto que está actualmente em tramitação no Congresso brasileiro será bastante similar ao já criado Fundo Amazónia para financiar programas de desenvolvimento sustentável e na conservação da biodiversidade da floresta.
Inicialmente, a expectativa é que o Fundo Clima seja dotado com 900 milhões de dólares (664 milhões de euros) recebendo também 10 por cento do lucro da participação especial do petróleo.
FO.
Lusa/Fim
domingo, 22 de março de 2009
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