segunda-feira, 13 de abril de 2009

Crise: Crianças com fome e mal alimentadas dão entrada no Hospital Amadora-Sintra

http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/9535779.html
12 de Abril de 2009, 10:10
Lisboa, 12 Abr (Lusa) - Uns chegam ao hospital com fome e falta de higiene, outros entram com ténis de marca, mas mal alimentados. São meninos com carências alimentares originadas pela crise que o Amadora-Sintra começou a identificar há um ano e meio.
A situação foi relatada à Lusa pela assistente social do Serviço de Pediatria do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), Madalena Barros, que associa o problema à debilitada situação económica de muitas famílias.
Também o director-geral da Saúde, Francisco George, admite que já existem "casos pontuais" de crianças com fome devido à crise, mas "ainda não constituem um problema de dimensão preocupante".
Para a assistente social do Amadora-Sintra, os casos até agora registados podem dividir-se em dois tipos diferentes: "Existem meninos que dão entrada no Hospital Fernando Fonseca com fome e em más condições de higiene e de vestuário e outros que chegam bem arranjados, mas mal alimentados".
Traçando o perfil destas últimas famílias, Madalena Barros disse que são sobretudo famílias monoparentais que "gerem um bocadinho mal o orçamento que têm" e não querem ser "diferentes dos outros"
São mães com "a escolaridade obrigatória ou nem isso" que se preocupam mais com "a imagem do que com os cuidados básicos".
"Andar com uns ténis rotos ou umas calças usadas estigmatiza-os como pessoas carenciadas", elucidou Madalena Barros, acrescentando que muitos destes casos são de crianças entre os quatro e os seis anos.
Estas famílias "valorizam muito o aspecto, mas deixam cair as coisas importantes e fundamentais", como a alimentação, a saúde e a educação, o que "compromete o bem-estar das crianças", sublinhou.
A abordagem do hospital nestas situações é "sempre estratégica no sentido de capacitar a família e nunca de a confrontar com estas fragilidades".
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Lembrou que as crianças pressionam os pais para lhes comprarem objectos e roupas de marca para não serem postos de lado pelos colegas e, como os "pais estão pouco disponíveis para os filhos no dia-a-dia, tendem a compensá-los materialmente".
"Se calhar essas crianças não estão a ser devidamente alimentadas pelas mesmas razões. Ou seja, os pais também cedem na alimentação que eles querem", sublinhou, lembrando que esta situação dá origem a erros alimentares que conduzem a situações de obesidade, mas também podem conduzir a situações de carências.
HN.
Lusa

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