sexta-feira, 23 de outubro de 2009

JN - Mudança da hora aumenta o consumo de energia

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1399289
JN 20091023
O atraso dos relógios no último domingo de Outubro marca o regresso à hora média de Greenwich, mas manter a hora inalterada poderia poupar energia e reduzir a poluição.
Um estudo da Universidade de Cambridge divulgado esta semana estima que o Reino Unido poderia poupar 885 Gigawatts-hora nos meses de Inverno, o equivalente à electricidade gasta por 200 mil casas durante um ano, e reduzir a emissão de 446,925 toneladas de carbono.
"O uso de electricidade é maior à tarde do que de manhã", justifica Elizabeth Garnsey, professora de Estudos de Inovação, em declarações à Agência Lusa.
O que a académica descobriu é que há desperdício de energia durante a manhã e que a eficiência energética seria maior com mais horas de luz solar à tarde.
Este é um dos argumentos dos defensores da aplicação do Horário da Europa Central - a hora média de Greenwich (GMT) mais uma hora - no Reino Unido.
Ao longo dos anos, a ideia foi sustentada por estudos e objecto de propostas de lei, a mais recente recusada em 2007.
Estudos encontraram sinais de que a mudança da hora poderia reduzir os acidentes rodoviários e o número de depressões relacionadas com a perturbação afectiva sazonal.
No Verão, os relógios seriam avançados duas horas em relação a GMT, propiciando noites com mais tempo de luz solar, estimulando a indústria do lazer e turismo.
Mas o tema da mudança da hora não está na ordem do dia no Reino Unido e a sua rejeição deveu-se, em parte, a Portugal.
"No relatório apresentado, produzido por deputados para o Parlamento [britânico], foi referido que Portugal experimentou o GMT+1 hora e isso foi considerada uma razão para não o adoptar no Reino Unido", recorda Elizabeth Garnsey.
Entre 1992 e 1996, Portugal adoptou o fuso horário da Europa Central, usado pela maioria dos restantes países da União Europeia.
Apesar de facilitar as comunicações e transportes internacionais, a mudança, empreendida pelo então primeiro-ministro, Cavaco Silva, foi criticada, porque afectava o ritmo escolar e dificultava o sono.
O sucessor de Cavaco, António Guterres, fez o fuso horário voltar ao actual e alinhou os ponteiros dos relógios de novo com o Reino Unido, onde a questão do tempo é motivo de polémica há quase 130 anos.
No início do século XX, a introdução de uma hora de Verão para aproveitar a luz solar só foi aplicada em 1916 por causa da guerra.
Parte da oposição à mudança, acredita Elizabeth Garnsey, está relacionada com o orgulho britânico em Greenwich, que conquistou o estatuto de referência internacional para medir o tempo em 1884.
Mas a realidade é que o observatório já não é usado pelos cientistas e hoje o seu papel resume-se ao de museu e símbolo da localização do meridiano.

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