MIGUEL CONDE COUTINHO
Mais de 24 mil pessoas estão a sofrer o drama de terem perdido tudo. Os custos de reconstrução estão avaliados em 3 mil milhões de euros. Contudo, há muitas dúvidas e muito receio quanto ao futuro da região.
Não sabemos como será viver assim sem outra escolha, quando antes se tinha tudo. Dormir dentro de uma tenda com mais seis ou quinze pessoas que não se conhece.
Ter de esperar em longas filas para tomar o pequeno-almoço, para almoçar e para jantar. Ter de pedir papel higiénico.
Ter de usar as casas de banho de plástico sujas e nauseabundas partilhadas com outras mil pessoas. Ter de tomar banho em duches comuns. Ter de comer em bancos de jardim ou no chão.
Não ter roupa própria ou sequer pasta de dentes. Não por um fim-de-semana de férias, como Silvio Berlusconi chegou a dizer numa tirada infeliz, esta quarta-feira, mas por tempo indeterminado, sem saber quando se poderá voltar a sentar no nosso sofá ou cozinhar a nossa comida.
Pior ainda, ter de suportar a perda de um filho, de uma mãe ou de um amigo longe do conforto das nossas coisas, longe das paredes que guardam as memórias que nos dão alento.
São cerca de 24 mil as pessoas que vivem assim na região de Abruzzo, depois do sismo que arrasou, na segunda-feira, aldeias inteiras, destruiu monumentos históricos e parou o coração de Aquila, deixando para trás ruas cobertas de pedras e poeira, casas sujeitas a saques, negócios fechados, cidades sem água, luz ou esperança. Numa espécie de campos de refugiados, em plena Europa.
Não sabemos quanto tempo durarão as forças dos milhares de bombeiros, polícias e voluntários que vieram para Aquila logo nas horas seguintes ao primeiro abalo e que trabalharam sem parar para servir, ajudar e salvar dos escombros os que resistiram.
Que montaram centenas de tendas, que organizaram os campos e que dormiram esacassas horas em camiões, ambulâncias ou carrinhas.
Que protegeram dos olhares forçados pela curiosidade mórbida os que queriam apenas privacidade.
Tudo isto enquanto o chão voltava a tremer, uma e outra vez, lançando novamente o pânico, os gritos e a "paura", o medo, a palavra mais falada pelos italianos de Abruzzo durante uma semana de caos.
Morreram 291 pessoas. Centenas ficaram feridas. Houve um funeral em que foram enterrados 205 caixões. Alguns dos sobreviventes encontraram conforto em Deus, foram às capelas improvisadas dentro dos campos.
Agradeceram, através dos padres que se espalharam pela região, o milagre de estarem vivos e falaram de um novo sentido para a vida.
Outros concentraram-se nos seus filhos, nas crianças que corriam por todo o lado, exibindo os únicos sorrisos que se viram durante estes dias, alheias ao ambiente triste que as rodeava totalmente.
Uma semana após o sismo que tudo mudou em Aquila, ainda não se sabe o que fazer com estas pessoas.
Os custos de uma reconstrução estão estimados em 3 mil milhões de euros. Silvio Berlusconi disse na sexta-feira que iria oferecer algumas das suas casas mas, mesmo sendo o primeiro-ministro também o segundo homem mais rico de Itália, serão certamente insuficientes para tantos desalojados.
Há medo que a Máfia, como já aconteceu no passado em Itália, desvie os fundos disponibilizados para as ajudas.
Há medo que os campos, agora de emergência, se transformem em residências permanentes assim que a atenção mediática desapareça.
Há medo do futuro. Os amanhãs não cantam em Aquila.
Mais de 24 mil pessoas estão a sofrer o drama de terem perdido tudo. Os custos de reconstrução estão avaliados em 3 mil milhões de euros. Contudo, há muitas dúvidas e muito receio quanto ao futuro da região.
Não sabemos como será viver assim sem outra escolha, quando antes se tinha tudo. Dormir dentro de uma tenda com mais seis ou quinze pessoas que não se conhece.
Ter de esperar em longas filas para tomar o pequeno-almoço, para almoçar e para jantar. Ter de pedir papel higiénico.
Ter de usar as casas de banho de plástico sujas e nauseabundas partilhadas com outras mil pessoas. Ter de tomar banho em duches comuns. Ter de comer em bancos de jardim ou no chão.
Não ter roupa própria ou sequer pasta de dentes. Não por um fim-de-semana de férias, como Silvio Berlusconi chegou a dizer numa tirada infeliz, esta quarta-feira, mas por tempo indeterminado, sem saber quando se poderá voltar a sentar no nosso sofá ou cozinhar a nossa comida.
Pior ainda, ter de suportar a perda de um filho, de uma mãe ou de um amigo longe do conforto das nossas coisas, longe das paredes que guardam as memórias que nos dão alento.
São cerca de 24 mil as pessoas que vivem assim na região de Abruzzo, depois do sismo que arrasou, na segunda-feira, aldeias inteiras, destruiu monumentos históricos e parou o coração de Aquila, deixando para trás ruas cobertas de pedras e poeira, casas sujeitas a saques, negócios fechados, cidades sem água, luz ou esperança. Numa espécie de campos de refugiados, em plena Europa.
Não sabemos quanto tempo durarão as forças dos milhares de bombeiros, polícias e voluntários que vieram para Aquila logo nas horas seguintes ao primeiro abalo e que trabalharam sem parar para servir, ajudar e salvar dos escombros os que resistiram.
Que montaram centenas de tendas, que organizaram os campos e que dormiram esacassas horas em camiões, ambulâncias ou carrinhas.
Que protegeram dos olhares forçados pela curiosidade mórbida os que queriam apenas privacidade.
Tudo isto enquanto o chão voltava a tremer, uma e outra vez, lançando novamente o pânico, os gritos e a "paura", o medo, a palavra mais falada pelos italianos de Abruzzo durante uma semana de caos.
Morreram 291 pessoas. Centenas ficaram feridas. Houve um funeral em que foram enterrados 205 caixões. Alguns dos sobreviventes encontraram conforto em Deus, foram às capelas improvisadas dentro dos campos.
Agradeceram, através dos padres que se espalharam pela região, o milagre de estarem vivos e falaram de um novo sentido para a vida.
Outros concentraram-se nos seus filhos, nas crianças que corriam por todo o lado, exibindo os únicos sorrisos que se viram durante estes dias, alheias ao ambiente triste que as rodeava totalmente.
Uma semana após o sismo que tudo mudou em Aquila, ainda não se sabe o que fazer com estas pessoas.
Os custos de uma reconstrução estão estimados em 3 mil milhões de euros. Silvio Berlusconi disse na sexta-feira que iria oferecer algumas das suas casas mas, mesmo sendo o primeiro-ministro também o segundo homem mais rico de Itália, serão certamente insuficientes para tantos desalojados.
Há medo que a Máfia, como já aconteceu no passado em Itália, desvie os fundos disponibilizados para as ajudas.
Há medo que os campos, agora de emergência, se transformem em residências permanentes assim que a atenção mediática desapareça.
Há medo do futuro. Os amanhãs não cantam em Aquila.
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