terça-feira, 9 de março de 2010

JN - Em prédio com mais de 100 fracções - Há uma década que não saem de casa por falta de uma rampa

JN 20100309
SANDRA BRAZINHA

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http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Set%FAbal&Concelho=Almada&Option=Interior&content_id=1514257

Para os moradores dos prédios da Rua José Correia Pires, no Pragal, Almada, não há como fugir aos degraus que dão acesso à rua. Num lado há escadas e do outro também, o que dificulta as deslocações. Os mais doentes não saem de casa há uma década.

"Há 10 anos que estão presos. Até os bombeiros têm dificuldades em vir buscar as pessoas. Estas escadas são um problema", desabafa Manuel Fusco, de 63 anos, residente no Rés-do-Chão esquerdo o Nº12, juntamente com a mulher Assunção da Palma Fusco, de 58 anos.

É com tristeza que confessa não conseguir levar a passear a mulher, que está acamada desde 2000. "Seria muito diferente se pudesse sair nem que fosse até ali abaixo", aponta, frisando que é fundamental "ter qualquer coisa que dê acesso à rua".

Enterrados vivos

Este não é, contudo, caso único entre as mais de 100 famílias que vivem naquela correnteza. "Nunca saem de casa. É a minha irmã, é outro senhor e também uma pessoa deficiente. Estão enterrados vivos em casa", afirma Maria da Palma, 66 anos, preocupada com o facto de a irmã, que partiu a anca numa queda provocada por um ataque de epilepsia causado por medicamentos inadequados, ter dificuldades em sair de casa até para ir ao médico.

A moradora no rés-do-chão esquerdo do Nº 14 sofre do mesmo mal. Maria Aldina Neves, de 64 anos, não consegue tirar de casa o marido de 66, que está confinado a uma cadeira de rodas. "Já vai fazer 11 anos. Só os bombeiros o levam. Eu não consigo sair daqui com ele", lamenta.
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