http://cidadanialx.blogspot.com/2009/05/blog-post_28.html.
É desta que o céu nos cai em cima da cabeça, diria o Asterix...
Para quem conseguiu detectar o defeito da situação actual desta praça e lhe continua a chamar praça, então devia-a tratar como tal - e resolver o problema para que ela funcione efectivamente como uma "praça".
E o sentido de uma praça nem é o de um "não lugar", nem de um sítio de passagem, nem de um local para tirar umas fotos e dizer que temos monumentalidade - fazer uns postais.
A praça, para não ser uma deturpação daquilo que é a sua função e passar a constituir mais um aborto urbano como tantos outros que para aí se criam, é o resultado de uma confluência social e urbana, onde, pela localização, dimensionamento específico e demais vantagens inerentes à vivência social de quem por aí está, consegue ser o local motivador da espera, do encontro, do convívio; é o estar com referência.
E é por tudo isso que, depois, se lhe dá a importância, o valor arquitectónico e a monumentalidade.
Querer o oposto, dar monumentalidade, propiciar um local para fazer umas fotos e dizer que temos, é tão básico e tão contra-natura, que nem devia ser passivel de discussão entre pessoas que têm capacidade de decisão nestas coisas, e que obrigatoriamente tinham de estar dentro deste assunto, ou estar bem aconselhados...
Isto é um caso anedótico, que nos nivela a todos os Portugueses por uma plataforma muito baixa, indigna dos autores da ordem urbana e social implementada pelo desenho do "novo alinhamento" da cidade de Lisboa "dos architétos Eugénio dos Santos, Carvalho e Carlos Mardel".
Eles criaram a "Real Praça do Comércio" conforme legenda duma das plantas da época. E o comércio era então a vivência principal dos Portugueses, e tinha aqui a sua referência principal - era a confluência dos Portugueses no mundo.
Nós merecemos esta praça a funcionar como uma praça reflexo da sociedade que queremos: ordenada e integrada na sociedade, ou desordeira, apenas para uns copos e umas palhaçadas?
Dizem que a praça não tem património para aí ser recuperado!
O partimónio que aí há a recuperar é aquele que os autores do plano em que se integra a praça lhe definiram à data: o rigôr, a ordem, a simplicidade, a funcionalidade social e urbana reflexo da vida do dia a dia: o sentimento de um povo que quer trabalhar bem, que quer ordem e segurança depois de ter sido vítima de uma catástrofe.
Nós agora queremos também uma praça, que seja reflexo da nossa sociedade, que tenha árvores e que seja também um local onde se possa estar algum tempo: que tenha alma.
E não precisamos de um palco de vaidades, como lá querem fazer.
As árvores já cá estavam antes de nós. E nós não vamos poder cá ficar sem elas.
Tenhamos respeito pelo meio ambiente e pelo património.
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Ferreira arq.
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PS:
Relativamente ao primeiro comentário a este texto:
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Embora o comentário não seja educado, revelando talvez o desespero de alguma parte interessada que ande desorientada, deixo apenas a ligação a outro texto meu onde pode ver uma foto do plano da baixa pombalina, onde consegue ler a designação dada ao local em causa aquando da sua concepção: "PRAÇA DO COMÉRCIO".
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Praça.
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Consegue agora entender o que escrevi? Anda em volta disso, da designação original, que é a maior referência demonstrativa dos termos para que foi concebida e do que se pretendia dela.
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Foi concebida como uma praça de uma capital de um país que tinha pessoas que, à data, sabiam gerir um império.
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Agora, somos o mesmo povo, e nem a nós mesmos nos gerimos, quanto mais um império.
A questão é de facto de educação, como se vê com o que se está a passar.
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Ser político neste país, com a garra de antanho, seria pugnar por não fazer coisas erradas, não estragar dinheiro e não desmerecer a cultura do povo. Motivá-lo e saber fazer funcionar a sociedade: colocar os interesses do povo acima dos interesses mesquinhos e pessoais.
E como o texto que publiquei já diz muito nas entrelinhas sobre o que deve ser o espaço daquela PRAÇA, não me alongo mais.
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Ver o plano original que definiu a "praça do comércio" em:
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Comentários da subscrição pelo debate público nacional sobre a obra do Terreiro do Paço:
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Subscritor nº 264 - Ana Maria Pereirinha Pires:
"A responsabilidade de ter uma das praças mais belas da Europa não se coaduna com o atamancar de soluções com vista a um calendário político pensado à última da hora. A discussão deste projecto é uma exigência patrimonial, ética, democrática e de exercício da cidadania."
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Subscritor nº 252 - Fernanda Persson:
"A historia fala-nos pelo patrimonio que nos deixa e e erro crasso apaga-lo, distorce-lo, amplia-lo, sem censura, sem comentarios, sem discussao e sem concurso aberto.Afinal trata-se de que tipo de obra?O dinheiro e muito? entao porque nao conservar o pouco que nos resta na mesma cidade de Lisboa? Por favor nao facam de Lisboa uma cidade Hollywood!!"
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Subscritor nº 174 - Pedro Pacheco:
"Porque o Terreiro do Paço é um lugar público que diz respeito a todos os cidadãos, exige-se:_um processo transparente_um projecto debatido publicamente_um desenho que reflicta um pensamento coerente_um desenho que sabiamente compatiblize os seus valores históricos com os contemporâneos_um desenho que dignifique o significado da Praça/Terreiro na sua simplicidade e sofisticação_um desenho que materialize as potencialidades de um espaço de silêncio e de acontecimento, de relação cidade/rio."
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Subscritor nº 172 - Pedro Barroso:
"choque estetico iminente q ainda se pode evitar... deshumanismo post moderno à vista.... vamos pensar primeiro faz favor..."
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Subscritor nº 168 - Nuno Gregério:
"Por um Terreiro do Paço, por uma Lisboa e por um Portugal respeitadores do seu património cultural e arquitectónico e fiel à sua herança histórica. Chega da utilização do espaço público para experimentalismos e para o enaltecimento do ego de alguns dos nossos arquitectos. A arquitectura não deve ser isto. A principal praça pública deste país, o local que foi em tempos o centro de um dos mais vastos impérios que a Humanidade alguma vez viu, merece muito melhor."
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Subscritor nº 115 - Sergio Rodrigues:
"Larguem o Autocad da mão e façam arquitectura como deve ser, para ser usada por pessoas."
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Subscritor nº 97 - João Pinto Soares:
"As praças,nas cidades,devem ser locais de reunião de pessoas e não simples locais de passagem. As praças devem ser acolhedoras de forma a cativar a presença dos citadinos. Lisboa é uma cidade muito quente, pricipalmente no Verão. Não concebo a existência da Praça do Comércio e zona ribeirinha adjacente sem a presença de Árvores."
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Subscritor nº 86: - Arq. Helena Roseta:
"Apenas para assinalar que como vereadora dos Cidadãos por Lisboa votei contra o estudo prévio do Terreiro do Paço por não ter havido nem concurso, nem consulta pública. O processo, a meu ver, está inquinado de raiz."
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Subscritor nº 20 - José Miguel Júdice:
"O urbanismo numa sociedade democrática tem de se basaear na auscultaçao dos Cidadãos antes das decisões, sobretudo no caso do Terreiro do Paço."
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Subscritor nº 17 - Maria João Costa:
"Neste país não se fazem as obras de modo pragmático: é sempre a carroça à frente dos bois, mas depois dá porcaria e tudo fica desaproveitado, além de milhões de euros que arderam.Com este procedimento a CML não está a considerar o interesse do espaço público; está o seu presidente mais interessado em ajustes directos e obras de campanha eleitoral. Não vale a pena dar ouvidos a António Costa, quando diz que vai dignificar a CML, porque a sua prática deliberativa exclui processos de consulta."
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Subscritor nº 15 - Francisco José Ferreira:
"A "Praça do Comércio" destinava-se à data a ser o expoente da vida urbana, utilizada por todos e para todos, desde o mais pobre ao mais rico. E não para ser o palco de vaidades em que se está a querer transformar agora aquilo que é uma praça e que deveria constituir um local de confluência da vida social comum, respeitando-se o património, utilizando os meios urbanos perenes e acolhedores que crescem e evoluem connosco. Nada melhor que as árvores para desempenhar essa função. Só não vê quem não quer."