JN - 20090628
ALEXANDRA MARQUES
O presidente da Câmara de Lisboa considera que o projecto de Bruno Soares para o Terreiro do Paço está agora melhor. No debate público, António Costa disse que deve continuar a ser local de passagem e que a ambição futura é banir o tráfego.
Presente, ontem à tarde, na sessão pública da proposta de Bruno Soares para a requalificação da praça pombalina, o presidente da Câmara afirmou que "o projecto está hoje melhor do que estava antes" das alterações feitas, confessando que o arquitecto aceitou a sua opinião nuns casos e a ignorou noutros.
Na apresentação e debate - que se estendeu por três horas -, o chefe da equipa projectista voltou a frisar que a praça não será uma sala de estar. "É um grande palco ou uma grande porta da cidade", em suma, um local de passagem, justificação para não arborizar parte dos 35500 metros quadrados. Apesar do recinto ribeirinho não dispôr de uma única sombra.
António Costa sintetizou esta visão: "A placa central é tão bela quanto inóspita. É tórrida no Verão e o vento é insuportável no Inverno, pelo que só ocorrem utilizações fugazes", como a festa de fim de ano ou manifestações.
Às dezenas de pessoas presentes, Bruno Soares explicou que os edifícios circundantes devem ter usos múltiplos, mas que "o projecto não pode condicionar ou determinar" quais serão. A praça deverá poder ser usada em todas as estações do ano, pelo que a Sociedade Frente Tejo se compromete a elaborar um projecto de equipamentos que possam ser montados e removidos e um outro de iluminação nocturna.
Após as recentes alterações, efectuadas na sequência das críticas feitas, o responsável anunciou que o tráfego automóvel só será feito pelos topos sul e norte, ficando as vias laterais (perpendiculares ao Tejo) reservadas a emergências, paragens ocasionais e cargas e descargas.
A prioridade será dada ao eléctrico, em detrimento da circulação rodoviária. Possibilidade que não tranquilizou o proprietário do Martinho da Arcada, indignado pelos 180 autocarros que por hora passam junto ao café, segundo lhe revelou a Carris. O edil reagiu dizendo que para banir o tréfego é preciso criar alternativas, mas que "a ambição é um dia nenhum carro passar pela praça".
Face ao 1º comentário, do Mike:
Sem qualquer melidre, digamos que a simpatia esteve bem ao nível dos comentários sobre a "malta"... "retrógrados"..., enfim, num nível bem melhor que o do comentário das 4.06 AM no post mais acima.
O carácter algo incisivo e radicalista de alguns dos comentários, só acontece pela forma como anda nivelada a cultura da obra e da discussão, quando estamos a lidar com a melhor jóia da corôa do nosso urbanismo.
Completamente à revelia das necessidades da sociedade actual, seja nas novas vivências, seja no respeito pelo legado dos nossos antepassados.
Isto tem sido uma batalha inglória, embora com muitos pontos marcados.
Já a aparecem justificações e interpretações perfeitamente contraditórias, demonstrando estar a perceber que estas coisas, feitas assim sem critério, sem programa adequado, sem participação pública, sem consulta a quem sabe, acabam mesmo a dar sarilhos.
E o que dói mais, é estarmos num periodo de rotura ambiental, em que dentro de poucos anos vamos ter os nossos descendentes a clamar porque é que deixamos manter este estado de coisas quando eramos nós que por aqui andavamos, e não termos uma resposta sequer para dar.
Tomamos há uns minutos atrás conhecimento que nos EUA, Obama está a conseguir aprovar uma redução nas emissões de CO2 em 17% comparativamente com 2005, até ao ano 2020. Isto vai ser um esforço económico enorme, com reflexos em todo o mundo, em todas as áreas.
É uma pena que obras referenciais como o caso da Praça do Comércio, não tirem partido do seu impacto na população para fazer aculturação e obter resultados práticos de seguida.
E o dilema é que não temos tempo para andar aqui com quesandos e outros rodeios. Entre muitas outras coisas, objectivamente o rumo imediato principal é: EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM TODAS AS INTERVENÇÕES HUMANAS; DEFENDER A VEGETAÇÃO E COM ISSO O CICLO DA ÁGUA.
Tem que haver uma inversão imediata de valores sociais, para o que os nossos governantes se estão a marimbar.
Ainda nem sequer perceberam que isso dá votos - ao fim de tanto tempo, ainda não perceberam porque é que o Obama foi eleito nos EUA.
Quando aos "velhos do Restelo" que afinal são aqueles AUTORES DE REFERÊNCIA que continuam a projectar com projectavam hà 30 ou mais anos atrás, como os €€€ lhes continuam a ser entregues, eles nem se dão ao trabalho de mudar. Quando isso acabar, vão ser os mesmos a fazer parangonas dos novos preceitos, como se fosse então novidade, e nem se darão ao trabalho de esclarecer todas as atoardas e prejuizos que causaram.
Aceitar este estado de coisas é demonstativo da nossa (pouca) cultura.
Nesta data não é de admitir que qualquer projecto de arquitectura, em local algum, não tenha como 1º parâmetro o meio ambiente.
Isto porque tem sido a nossa forma de viver a provocar a derrocada da possibilidade de manutenção da vida animal e vegetal no planeta.
Não é suficiente para que nos preocupemos todos, o facto do governo não legislar nesse sentido, não agir nesse sentido?
Tem que passar a agir.
Temos todos que intervir.
E esta obra, num espaço projectado há 200 anos para ser A PRAÇA DO COMÉRCIO, atinge apenas o objectivo de propiciar mais uma grande área de eventos pontuais publicitários e comerciais!
É uma ofensa ao povo Português.
È uma pena o autor ter andado estes dias a dizer que as alterações efectuadas iam humanizar a praça, e vir agora ele e o Sr. Presidente António Costa assumir que aquilo é :
"A placa central é tão bela quanto inóspita. É tórrida no Verão e o vento é insuportável no Inverno, pelo que só ocorrem utilizações fugazes", como a festa de fim de ano ou manifestações.”
e que:
"o projecto não pode condicionar ou determinar" quais serão. A praça deverá poder ser usada em todas as estações do ano, pelo que a Sociedade Frente Tejo se compromete a elaborar um projecto de equipamentos que possam ser montados e removidos e um outro de iluminação nocturna.”
Há muito se sabe quem está com o projecto do “urbanismo comercial” da praça.
E também já se percebeu que é esse equipamento publicitário que vai tomar o lugar das árvores.
E também já entendemos porquê!
Andam todos a brincar com o povo e com o meio ambiente.
Isto vai-nos sair a todos muito caro.
É uma estupidez!
Nesta obra devia ser finalmente concretizada a PRAÇA DO COMÉRCIO.
Mas ainda não é desta vez!!!
3 comentários:
Apenas para o informar que respondi ao seu comentário no blog cidadanialx.
Cumprimentos
Antes de continuar, permita-me perguntar-lhe se é político, porque se não for, tem muito jeito para a coisa. Apresentou uma lista extensa de argumentos, que sem lhes tirar valor, não são novidade nenhuma. Podia simplesmente ter-se ficado pela frase "Nesta data não é de admitir que qualquer projecto de arquitectura, em local algum, não tenha como 1º parâmetro o meio ambiente." Pergunto-lhe então, na qualidade de arquitecto, qual é a sua visão para a praça do comércio, como é que interpreta o conceito de praça do comercio? Presumo que concorde que preocupação ambiental não se limita a ser a plantação de umas árvores e que muitas outras coisas podem ser feitas.
Se eu fosse político ou tivesse jeito para tal, este blog não teria a simplicidade nem o carácter técnico que tem.
Por não ter dúvidas quanto ao carácter comum das "banalidades" referidas, é que me preocupa o pouco efeito prático de tais referências, nos actos levados à prática por quem de direito.
Al Gore e o professor com que iniciou a actividade, desde os anos 60 batem nesta tecla do ambiente, sempre com os mesmos argumentos.
Só agora conseguiram alguns efeitos.
De facto, somos muito duros de ouvido!
Que temos que fazer para mudar mentalidades?
Em minha opinião, temos que participar com a nossa parte, dando o exemplo e alertando sempre que seja oportuno.
Esta ocasião da Praça do Comércio é só mais uma entre tantas outras, em que vamos ver os políticos desperdiçar energias e continuar o rumo da autodestruição da vida humana.
O método da intervenção está errado. Os valores de humanidade e ambientalismo não estão lá.
Não posso concordar com a obra.
Ainda por cima numa ocasião soberana para criar aculturação na população!
Estamos numa fase de não retorno. A vida urbana não pode manter as características a que nos habituamos. Os políticos têm que assumir as rédeas desta inversão, e para isso não podemos contar com todo o tipo de subserviências que os têm rodeado, pois não vão ser esses a promover a alteração, estão bem acomodados.
Tem que ser a população. E Para isso é fundamental a aculturação e a participação.
Quanto mais comum a linguagem e os casos mais evidentes, melhor.
Quanto às preocupações ambientais, vou falando das mais importantes em cada caso, e ando alarmado com o que se passa com a incoerência dos nossos políticos e técnicos quanto à eficiência energética: anda tudo a brincar com o fogo! E é caso para dizer que nos vamos queimar todos.
Opiniões minhas sobre a simplicidade aparente que deve ter a Praça do Comércio: se clicar a etiqueta do lado direito, no início do Blog "A praça do Comércio", desde o início as tenho manifestado. Ou pelo link: http://forumsociedadecivil.blogspot.com/search/label/a%20pra%C3%A7a%20do%20com%C3%A9rcio
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