segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Agricultura intensiva anula efeito florestal


JN 2009.11.23

EDUARDA FERREIRA, COM AGÊNCIAS
O efeito positivo da floresta como sumidouro dos gases com efeito de estufa é praticamente anulado pelas emissões provocadas pela agricultura e pecuária intensivas na Europa, segundo estimativas feitas por cientistas.

A emissão de gases com efeito de estufa por parte da agricultura intensiva tem aumentado em 17 países da Europa alvo de um estudo publicado pela revista Nature Geoscience. Tal aumento mal dá para ser anulado pelos efeitos benéficos de absorção pela floresta, que está também a ser submetida a exploração intensiva.

Em causa está o crescente recurso aos fertilizantes (que emitem óxido de azoto) e o número de cabeças de gado (responsáveis por parte significativa do metano na atmosfera). Em alguns países, as turfeiras ressequidas contribuem também para as emissões de gases com efeito de estufa.

Os estudos feitos por uma equipa do Instituto Max-Planck, da Alemanha, estimaram em 300 milhões de toneladas por ano o carbono que pode ser absorvido pelas florestas e pradarias da Europa. Esta cifra é válida para os anos entre 2000 e 2005 e corresponde a cerca de 19% do total de emissões de CO2 com origem nas energias fósseis (carvão, gás e petróleo) emitidas por esse conjunto de países. Este efeito de sumidouro fica, no entanto, praticamente anulado pela agricultura intensiva e pecuária. E, advertem os cientistas, se fosse tomada em conta a realidade dos 25 da UE nesse período, o balanço seria mais desfavorável à qualidade da atmosfera. A absorção de CO2 pelos oceanos também está a ser afectada, de acordo com um outro estudo citado pela agência Lusa. Entre 2000 e 2007, essa capacidade diminuiu de 27% para 24%, refere um relatório da National Geografic Society dos EUA.

São ainda desconhecidas as razões pelas quais os mares estão a captar menos CO2. Uma das hipóteses indica que é o aumento da acidez das águas que interfere nessa capacidade de absorção, que teve um dos picos a meio do século passado, quando também aumentaram as emissões de dióxido de carbono.

O CO2 dissolve-se na água salgada e encontra melhores condições para reagir assim em águas mais frias. Isso explicará a elevada capacidade de absorção detectada na Antárctida. No cômputo geral dos oceanos, estes têm actualmente a capacidade de "engolir" 2,3 mil milhões de toneladas de carbono.

A observação da Antárctida traz novos dados sobre o degelo: não é só a zona oeste a afectada pelo degelo, agora a zona oriental dá também sinais de ceder ao estado líquido. Isso pode contribuir significativamente para o aumento do nível dos oceanos, advertem cientistas da Universidade do Texas.

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