quarta-feira, 1 de julho de 2009

- Aos “obreiros” da Praça do Comércio



A obra projectada para o “Terreiro do Paço” não destina aquela praça aos cidadãos.
Não vão ser lá colocadas árvores.
Vai ser destinada apenas a publicidade, a festins encomendados e a pouco mais: é uma obra que será o palco de alguns. E servirá para tirar umas fotos.
É uma pena. E isto dói à população.

Dói-nos a todos aqueles que temos uma noção mínima sobre o carácter subjacente ao estudo urbano, à motivação social, do projecto da Baixa Pombalina. Da sua simplicidade aparente. Da respectiva funcionalidade prática, motor de uma sociedade viva, que soube arregaçar os braços, depois da catástrofe de um grande terramoto.

O Sr. Dr. António Costa pode ainda agora, neste caso, ser bem mais realista, e sobretudo interventivo e actual.
Embora não se comparando directamente com o terramoto, numa recessão económica como a presente (ainda por cima num período de constatação e inversão drástica do uso e abuso sobre o meio ambiente do planeta), a população não tem condições para poder tolerar, de ânimo leve, as consequências do desperdício de dinheiros e energias, em devaneios opinativos e amadores.
Ainda por cima decisões inteiramente subscritas e apadrinhadas por quem manda, neste caso, com reflexos directos sobre a sua pessoa.

Em minha opinião, valeria a pena:

1) Dar razão à Arq. Helena Roseta, que refere que estas coisas não se fazem sem um período de efectiva consulta pública.

2) Determinar a -Consulta Pública - do projecto, e a posterior análise e parametrização dos dados recolhidos.

3) Definir, ainda agora, um programa cultural de análise do projecto, com consulta de vários especialistas idóneos que elaboraram estudos e trabalhos sobre a Baixa Pombalina, incluindo Arquitectos, Engenheiros, Arqueólogos, Historiadores e outros que se conclua que o devam ser, nomeadamente as respectivas Ordens profissionais.

4) Determinar uma reunião final de conciliação e aprovação do relatório de alterações a incluir no programa do projecto.

5) Remeter à actual equipa projectista as conclusões, para que esta adeqúe o projecto em conformidade, resultando provavelmente uma obra de aparência métrica muito simples e funcional.

6) Aproveitar para incluir no programa a vertente ambiental do uso da praça, com árvores e uma não exagerada iluminação, já com o sistema de Led’s;

-Será a tentativa de dar ALMA à nossa praça;
-E aproveite-se para tirar todo o partido disso, fazendo aculturação à nossa população, para a motivar, o mais cedo possível, a todos os actos de eficiência energética e de redução do impacto ambiental na forma de viver de cada um;
-Já vram o impacto que isto vai ter na população em geral, no caso de uma obra referencial como esta?
-Já repararam bem que o impacto favorável duma atitude destas dá mais votos, que concluir de imediato a obra da praça com o projecto que tem em mãos?
-Este facto, embora diferente, tem semelhanças com o que fez Obama ganhar as eleições nos EUA, ao ter em conta o meio ambiente e os interesses reais das pessoas, em vez dos interesses económicos imediatos dos grandes grupos.

7) E se o executivo da Câmara de Lisboa entende que é adequado o esquema de circulação do trânsito automóvel e de peões, que agora propõem, para obter certezas antes do fim da consulta pública, seria de determinar a experiência provisória de circulação no local, nos termos projectados, utilizando separadores provisórios de obras, e demarcando as alterações como”Provisório – Obras”;
-Ninguém tem argumentos para impedir isto;
-Ao fim de um mês a funcionar pelo novo esquema de circulação, já haverá resultados se será, ou não, de rectificar algo;
-E as condições do local permitem facilmente esta experiência.

8) Em conclusão:

Podem não conseguir concluir as obras até às eleições. Mas se deixarem os cidadãos descansados com uma obra adequada, bem encaminhada, e até já testada… não terão o descrédito que irão ter, com a execução imediata de um projecto tão desadequado.

Como não sou ninguém para dar conselhos, considerem isto a minha opinião, apenas.
Ferreira arq

1 comentário:

S.O.S. disse...

Entre os "zombies" que aparecem nas imagens, perdidos pelo meio da aridez deste projecto na grande praça... e os automóveis que lá estacionavam numa época recente... talvez com os automóveis a praça tivesse mais vida!

Mas nesse caso os tipos da publicidade já não iam ganhar tanto... Esse projecto do Urbanismo Comercial... é mesmo em grande escala...