quinta-feira, 13 de maio de 2010

JN - Paulo Morais - Terapia de choque

JN 20100512
http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=Paulo%20Morais
O Estado português atingiu um nível de endividamento desmesurado, talvez irrecuperável. As famílias também estão mais penhoradas do que nunca e as dívidas das empresas atingiram o seu máximo histórico. Somos um país de caloteiros, a ameaça de bancarrota é real. Para nos libertarmos desta situação miserável, impõem-se medidas urgentes. Há que permitir aos portugueses trabalharem mais e melhor, exige-se que as empresas aumentem índices de produtividade e rentabilidade e, acima de tudo, que o Estado consuma menos recursos.
Mas o que nos propõe o actual Governo? O aumento da carga fiscal e a consequente diminuição do rendimento real das famílias. Ou seja, impõem-se enormes sacrifícios aos cidadãos e às empresas, para que o Estado continue a desbaratar recursos em megaprojectos inúteis, como o TGV. As medidas agora anunciadas são pois exactamente as contrárias às necessárias e ignoram os bons exemplos da Europa.
O que os trabalhadores portugueses precisam não é de sacrifícios, mas de mais trabalho, de menos feriados e eventualmente dum horário semanal alargado, à semelhança dos alemães. As empresas necessitam que as deixem respirar, que lhes diminuam os impostos, como fez a Irlanda, que as libertem da burocracia, que lhes garantam um quadro legal perceptível e justo.
Por outro lado, o equilíbrio das finanças públicas tem de ser o resultado duma drástica redução de despesas no Estado, duma verdadeira terapia de choque. Urge extinguir as dezenas de organismos inúteis que apenas existem para distribuir "tachos", como a ERC, a CNE, o Inatel e tantos outros. Mas é também indispensável reduzir a dimensão da classe política, pelo menos para metade, começando no Parlamento e acabando nas câmaras e assembleias municipais. Finalmente, há ainda que extinguir as parcerias público-privadas milionárias que, nos hospitais ou nas auto-estradas, não são mais do que meios de transferência dos recursos colectivos para os cofres da meia dúzia de empresas que dominam o regime.

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