sábado, 8 de janeiro de 2011

DE - Manuela Ferreira Leite: "A classe política tornou-se um mundo à parte"

http://economico.sapo.pt/noticias/a-classe-politica-tornouse-um-mundo-a-parte_108319.html
Ferreira Leite criticou hoje a actual situação política nacional, afirmando que a classe política está "desacreditada" e afastada dos cidadãos.
"As medidas tomadas e o proclamado objectivo de credibilizar a classe política têm sido marcados por demagogia, e de demagogia em demagogia a classe política tornou-se num mundo à parte em que os cidadãos não se reveem" e com o qual não comunicam, salientou a antiga ministra das finanças durante a cerimónia comemorativa dos nove anos de Rui Rio frente à Câmara do Porto.
A ex-líder social democrática acredita mesmo que "a situação é tão grave que a representatividade pode ser posta em causa" até porque "nenhum país se desenvolve com base em incompetência de dirigentes".
Para Manuela Ferreira Leite a classe política está mesmo "completamente desacreditada", "não existe para mobilizar cidadãos" e tem líderes que "infelizmente se habituaram a sobreviver com promessas que nunca cumpriram".
A deputada começou o seu discurso lamentando a atual situação vivida em Portugal e os "sacrifícios" pedidos ao portugueses pelo governo, questionando: "como foi possível conduzir o País a uma situação tal que tornou essas medidas necessárias"?
"Há anos que se vêm a cometer erros de política" que já estão "escalpelizados de modo a que a sua identificação não origina grande discussão", afirmou.
Destacou que "não é possível viver indefinidamente à custa de crédito sem ficar dependente de credores", referindo-se a um país "com baixa competitividade", que "vai empobrecendo", tem "taxas de poupança baixíssimas", um "sistema de justiça que não garante segurança", um "sistema económico desajustado".
Manuela Ferreira Leite lembrou a contínua perda de competitividade do País, uma situação que se deve ao "privilégio, durante muito tempo, a bens não transacionáveis" e "o acesso fácil a fundos comunitários" que "não tiveram apenas efeitos benéficos" tendo mesmo sido uma "fonte de facilitismo".
A antiga líder laranja comparou mesmo Portugal a "um doente em estado terminal" e "é isso que justifica o tratamento de choque". Uma das áreas que Ferreira Leite mais criticou foi a da educação, sublinhando a "falta de confiança na qualidade do ensino".Mas o erro de fundo em todas as políticas "consiste na defeituosa compreensão do uso do poder por parte dos governantes", disse.
"Governar é prever", salientou a ex-ministra das finanças e da educação para quem o governo "tem de saber prever para planear intervenções em vez de tomar medidas de emergência porque foi apanhado desprevenido".
Para Manuela Ferreira Leite o atual poder político "está reduzido a alteração de leis" o que "é próprio de um governo fraco" e demonstra um "profundo desrespeito pelos cidadãos".
Defende mesmo que o futuro terá de passar pelo "reencontro entre política e cidadãos".Manuela Ferreira escusou-se a prestar declarações aos jornalistas no final da cerimónia.

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