http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/4e061c2c718d8e2a113400.html
29 de Janeiro de 2009, 15:35
*** Fabíola Ortiz dos Santos da Agência Lusa ***
Belém, Brasil, 29 Jan (Lusa) - O sentimento de decepção entre indígenas e movimentos sociais marcou o lançamento da campanha em defesa dos povos da Amazónia devido à não comparência de representantes do poder político e da Fundação Nacional do Índio (Funai), ambos convidados.
Segundo o indígena Marcos Apurinã, membro da coordenação das Organizações Indígenas da Amazónia Brasileira (COIAB), a não presença e a falta de diálogo com as autoridades pode traduzir desinteresse da Funai e do próprio governo brasileiro pelo debate.
"Tivemos só decepção no sentido de que o presidente da Funai foi convidado e não compareceu. A ideia era discutir com eles para que pudessem divulgar e entender o nosso papel na proteção do meio ambiente e da biodiversidade da Amazónia", disse Apurinã à Lusa.
Para a liderança, houve um desânimo de muitos indígenas que "sentiram o choque da não presença" das autoridades. Isso, salienta Apurinã, comprova o descrédito das populações indígenas perante o governo.
"Se nós queremos um novo mundo que é com certeza possível, a gente queria que essas pessoas estivessem aqui [no Fórum Social] para fazer isso", inistiu.
Apurinã destacou que, apesar do desapontamento de muitos indígenas, que tiveram de percorrer um trajecto de mais de 10 dias de barco para chegar à Belém, sede do Fórum Social, para levantar e promover um diálogo sobre as causas indígenas com as autoridades públicas, este não compromete a realização do evento mundial a decorrer esta semana.
"Isso não vai atrapalhar, a gente vai resistir como resistimos até hoje. Esse não comparecimento do poder público nas nossas reuniões só tem a atrapalhar, a gente não vê o avanço de uma melhoria para os povos indígenas", referiu.
De acordo com Apurinã, os povos indígenas irão resistir.
"Nós temos força nem que seja até o último índio. Não queremos desflorestação, não queremos a destruição da Amazónia, vamos brigar para que não venham invasores", afirmou.
A agressão ao meio ambiente, segundo a COIAB, é causada, principalmente, pela acção de madeireiras, garimpeiros, pecuaristas e pelo avanço da fronteira agrícola na monocultura da soja e da cana de açucar.
A campanha "Povos Indígenas da Amazónia - presente e futuro da humanidade", lançada na quarta-feira, aborda a relação de respeito dos índios pela natureza e valoriza o modo de viver destes povos.
Ainda neste primeiro semestre, as entidades promotoras da campanha vão organizar manifestações contra decisões políticas e legislativas, como a mudança do Estatuto dos Povos Indígenas e a criação do Conselho Nacional de Política Indígena.
Lusa/Fim
29 de Janeiro de 2009, 15:35
*** Fabíola Ortiz dos Santos da Agência Lusa ***
Belém, Brasil, 29 Jan (Lusa) - O sentimento de decepção entre indígenas e movimentos sociais marcou o lançamento da campanha em defesa dos povos da Amazónia devido à não comparência de representantes do poder político e da Fundação Nacional do Índio (Funai), ambos convidados.
Segundo o indígena Marcos Apurinã, membro da coordenação das Organizações Indígenas da Amazónia Brasileira (COIAB), a não presença e a falta de diálogo com as autoridades pode traduzir desinteresse da Funai e do próprio governo brasileiro pelo debate.
"Tivemos só decepção no sentido de que o presidente da Funai foi convidado e não compareceu. A ideia era discutir com eles para que pudessem divulgar e entender o nosso papel na proteção do meio ambiente e da biodiversidade da Amazónia", disse Apurinã à Lusa.
Para a liderança, houve um desânimo de muitos indígenas que "sentiram o choque da não presença" das autoridades. Isso, salienta Apurinã, comprova o descrédito das populações indígenas perante o governo.
"Se nós queremos um novo mundo que é com certeza possível, a gente queria que essas pessoas estivessem aqui [no Fórum Social] para fazer isso", inistiu.
Apurinã destacou que, apesar do desapontamento de muitos indígenas, que tiveram de percorrer um trajecto de mais de 10 dias de barco para chegar à Belém, sede do Fórum Social, para levantar e promover um diálogo sobre as causas indígenas com as autoridades públicas, este não compromete a realização do evento mundial a decorrer esta semana.
"Isso não vai atrapalhar, a gente vai resistir como resistimos até hoje. Esse não comparecimento do poder público nas nossas reuniões só tem a atrapalhar, a gente não vê o avanço de uma melhoria para os povos indígenas", referiu.
De acordo com Apurinã, os povos indígenas irão resistir.
"Nós temos força nem que seja até o último índio. Não queremos desflorestação, não queremos a destruição da Amazónia, vamos brigar para que não venham invasores", afirmou.
A agressão ao meio ambiente, segundo a COIAB, é causada, principalmente, pela acção de madeireiras, garimpeiros, pecuaristas e pelo avanço da fronteira agrícola na monocultura da soja e da cana de açucar.
A campanha "Povos Indígenas da Amazónia - presente e futuro da humanidade", lançada na quarta-feira, aborda a relação de respeito dos índios pela natureza e valoriza o modo de viver destes povos.
Ainda neste primeiro semestre, as entidades promotoras da campanha vão organizar manifestações contra decisões políticas e legislativas, como a mudança do Estatuto dos Povos Indígenas e a criação do Conselho Nacional de Política Indígena.
Lusa/Fim
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