JN 2011 03 23
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1812900
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Durante uma audição na Comissão parlamentar de Educação e Ciência, a deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago questionou Isabel Alçada sobre o número de professores que vão ser despedidos ou que não vão ter os seus contratos renovados devido ao encerramento de escolas do 1.º ciclo e à criação de novos agrupamentos.
"A constituição de agrupamentos permite uma gestão mais eficaz de recursos porque há docentes que podem prestar serviço em escolas contíguas e isso permite que possa haver menos um ou outro docente em cada agrupamento. É verdade. É verdade. Mas não será isso uma boa gestão de recursos?", respondeu a ministra da Educação.
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O deputado do PCP Miguel Tiago questionou ainda se o Governo confirma a criação de "280 mega-agrupamentos", o que mais uma vez foi negado pela tutela.
"Todos os números apontados são falsos", esclareceu a ministra da Educação, referindo que estão ainda a decorrer reuniões com escolas a autarquias e que só depois será possível apurar o número final de agrupamentos a criar.
Sobre esta matéria, Isabel Alçada argumentou que dados do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação indicam que, "regra geral, as escolas com maior dimensão têm melhores resultados escolares que as escolas com menor dimensão."
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Durante uma audição na Comissão parlamentar de Educação e Ciência, a deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago questionou Isabel Alçada sobre o número de professores que vão ser despedidos ou que não vão ter os seus contratos renovados devido ao encerramento de escolas do 1.º ciclo e à criação de novos agrupamentos.
"A constituição de agrupamentos permite uma gestão mais eficaz de recursos porque há docentes que podem prestar serviço em escolas contíguas e isso permite que possa haver menos um ou outro docente em cada agrupamento. É verdade. É verdade. Mas não será isso uma boa gestão de recursos?", respondeu a ministra da Educação.
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O deputado do PCP Miguel Tiago questionou ainda se o Governo confirma a criação de "280 mega-agrupamentos", o que mais uma vez foi negado pela tutela.
"Todos os números apontados são falsos", esclareceu a ministra da Educação, referindo que estão ainda a decorrer reuniões com escolas a autarquias e que só depois será possível apurar o número final de agrupamentos a criar.
Sobre esta matéria, Isabel Alçada argumentou que dados do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação indicam que, "regra geral, as escolas com maior dimensão têm melhores resultados escolares que as escolas com menor dimensão."
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Comentário:
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Sobre este último parágrafo muito haveria a contestar...
Até podemos comparar com o que fizeram no futebol!
Como as grandes equipas, com grandes estádios (Benfica, Sporting e Porto), tinham os melhores resultados, resolveram fazer mais uns tantos estádios grandes... num investimento brutal de infra-estruturas, pois iriam ser polos de desporto e cultura com resultados relevantes, devidamente orçamentados pelas suas contas (que só eles conseguem inventar com a dita engenharia financeira) ...
Conseguiram criar vários monstros despesistas, reflexo das políticas de boa parte dos políticos actuais, que após o Euro 2004 apenas servem de grande fardo para os clubes e para o encargo público...
Nos mesmos termos que refere agora a Ministra Educação, também eles davam como certo estarem garantidos melhores resultados para os clubes desses grandes estádios - Beira Mar, Boavista, etc.. Mas afinal foi a ruína que se viu...
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Da mesma forma, se tivessemos escolas pequenas em grandes aglomerados, onde, por norma, o nível de cultura das famílias é bem mais elevado, decerto o sucesso escolar dessas poucas crianças seria bem mais elevado, se comparado com o das escolas com igual dimensão dos meios rurais!
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Seria bom que, quem gere o país, antes de se precipitar em conclusões e em decisões de grandes investimentos, fosse obrigado a munir-se de estudos elaborados por técnicos credíveis (e não boys subservientes), para ver se os resultados que pretendem vão de facto ser obtidos com o investimento que vão promover.
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Uma coisa é elementar: ao criar grandes escolas, com grandes aglomerações de crianças, com um argumento falacioso, exponencializaram muitos outros problemas que não ponderaram, que não são fáceis de controlar, e dos quais crianças e respectivas famílias acabam por ser vítimas:
-Criaram facilidades ao anonimato entre a multidão, próximo do vandalismo, em crianças indefesas de tenra idade; os roubos e estragos materiais disparam, sem ser fácil a identificação dos seus autores, assim como a respectiva prevenção. Sendo esta uma das premissas do educar, esvai-se uma parte significativa do seu objectivo principal;
-Exponencializaram as possíbilidades de existir bullying no relacionamento entre as crianças;
-Criaram dificuldades de acessibilidade extremamente graves nas zonas onde não existem redes compactas de transportes públicos, com reflexos terriveis na organização familiar, pois a deslocação das crianças obriga a compatibilizar os horários de trabalhos dos pais, com graves perdas de eficiência social;
-A concentração e consequente distanciamento relativamente ao local da habitação das crianças impede que o almoço de muitas crianças possa ser feito em família, passando também este a ser um maior encargo e responsabilidade públicas...
-Etc.
Deito as mãos à cabeça... A generalidade dos nossos governantes não têm filhos (nem netos) na escola pública...
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Não é o tamanho da escola que determina os resultados dos alunos.
Prova disso é o facto de, ainda hà pouco tempo, uma das pequenas escolas portuguesas ter conseguido um dos melhores resultados num concurso internacional.
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Agora, que com estas aglomerações conseguiram hierarquizar politicamente a dependência do ensino, disso não temos dúvidas.
E conseguiram a execussão de novas grandes obras... com simples adjudicações directas ...
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Para a efectiva reabilitação dos edifícios do parque escolar, que era o que deveria ser feito, pela sua proximidade local às populações residentes, não seriam necessários tantos dispendios.
Seriam pequenas obras, com melhorias de condições térmicas e energéticas, de acessibilidade e conforto. E talvez até menos dispendiosas.
Garantir condições informáticas adequadas nesses edifícios, para poderem ser utilizadas as novas tecnologias de informação e comunicação, teria um custo baixo e seria simples efectuar.
E a comunicação digital, neste momento, permite a interactividade entre as escolas de todo o mundo, e não só com as do agrupamento...
Estes mega agrupamentos podiam funcionar numa interdependencia digital entre escolas, com resultados práticos garantidos, sem ter que sujeitar as crianças e as suas famílias à toleira do desenraizamento e deslocações de enorme perda de tempo, despesa familiar e pública, assim como nefasto impacto ambiental pelo aumento desnecessário de utilização dos transportes, seja públicos ou privados.
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Só encontraremos algumas vantagens nesta opção política, nas escolas muitíssimo pequenas, onde o isolamento é de facto um efeito nefasto que tinha que ser resolvido. Mas nos restantes casos... não.
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Um responsável governamental devia estar proibido de produzir afirmações de conclusões tão contraditórias... ou melhor ainda, deviam estar proibidos de fazer asneiras desta dimensão com impacto social e ambiental tão nefastos.
Ferreira
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