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02 de Fevereiro de 2009, 06:50
Belém, Brasil, 02 Fev (Lusa) -- O Fórum Social Mundial que decorreu entre os dias 27 de Janeiro e 01 de Fevereiro na cidade brasileira de Belém, no Pará, cujo lema era "Um outro mundo é possível" avançou no processo de incentivo da democracia participativa.
Esta avaliação é de Oded Grajew, membro do Conselho Internacional do Fórum Social e um dos idealizadores do evento que faz um balanço positivo desta 8.ª edição centralizada do Fórum.
"Foi um sucesso quantitativo, qualitativo e político. Tivemos ainda alguns problemas de comunicação, problemas logísticos, algumas vezes da tradução, sabemos que temos que dar mais atenção aos deficientes físicos e à questão do lixo", disse.
Apesar de apontar muitos aspectos que precisam de ser olhados com mais cuidado para as próximas edições do Fórum, Grajew afirmou que mesmo assim não compromete a avaliação final positiva.
"O que a gente queria muito e acho que conseguimos em parte é levantar a consciência sobre a questão ambiental. A crise financeira é prenúncio da crise ambiental, parte do mesmo processo, com uma competição sem limite, num modelo económico que privilegia o lucro sem qualquer regulação, ou participação da sociedade", realçou ao acrescentar que este pensamento é "extremamente danoso para o meio ambiente".
Segundo Oded Grajew, a esperança a partir de agora é que existem perspectivas de uma grande mudança de valores. "As pessoas já estão a falar na questão de modelo, em limites de consumo e meio ambiente."
"Se há uma novidade é que o nosso problema já não é mais de recursos. Hoje já se sabe quais são os riscos, os problemas, o que tem que ser feito e temos os recursos, é a vontade política que falta", salientou.
E para que haja vontade política, Grajew incita a pressão popular sobre os governantes.
"A ideia é que cada cidade promova o seu fórum, o seu encontro. As coisas acontecem quando a sociedade se junta, se articula, age e pressiona. O governo trabalha com pressão e isso é democracia participativa", considerou.
A criação de um fórum temático para discutir a crise financeira nos Estados Unidos (EUA) ainda este semestre foi uma das propostas feitas pelos participantes no Fórum Social Mundial.
Segundo Grajew, sempre foi um "obstáculo" fazer um encontro internacional nos EUA "por causa da restrição de entrada que o governo Bush colocou a muitos activistas sociais".
"Eles eram criminalizados. Hoje há uma ideia de verificar se o país se abre, se tem outro discurso, e se já não acha que o activista social é terrorista", complementou.
Para 2010, já está decidido que será realizado um dia de acção global em diversas cidades do mundo. Já para 2011, está a ser estudada a ideia da realização de um Fórum Social centralizado como neste ano.
O Conselho Internacional do Fórum deverá reunir-se nos próximos dias ainda em Belém para discutir os países candidatos, se no Senegal ou África do Sul, no continente africano. Há também a possibilidade de que seja no Oriente Médio.
Ao longo dos seis dias de Fórum Social em Belém, um número aproximado de 150 mil pessoas de 142 países diferentes participaram do evento, sendo que destas, 115 mil eram de movimentos, organizações e participantes individuais.
Este número ultrapassou a previsão inicial de que seriam 120 mil pessoas no Fórum. Segundo dados divulgados pela organização, das 5.800 entidades inscritas, a maioria era da América do Sul (mais de quatro mil), em seguida 490 da África, 275 da América do Norte e Central e 335 da Europa.
FO.
Lusa/fim
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
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